A sede da ADPERJ recebeu, na manhã desta segunda-feira (13), o Encontro Inter-Religioso Enedir Santos, que reuniu pessoas de diferentes credos, que abordaram a temática inspirada na Campanha Nacional da ANADEP “Um novo presente é possível: Defensoria Pública pela superação da situação de rua”.
A diretora de Eventos e Social da Associação, Larissa Davidovich, mediou o debate, que faz parte da programação Maio Verde. Também estiveram presentes a presidenta da ADPERJ, Juliana Lintz, a vice-presidenta da ADPERJ, Andréa Sena, e as diretoras Carolina Anastácio e Edna Miudin, além da defensora pública-geral, Patrícia Cardoso.
“O objetivo é ter um diálogo de como a fé, em suas múltiplas formas, pode contribuir para uma mobilização, dentro da atividade da Defensoria Pública, para um caminho que restabeleça a justiça social e a dignidade da população em situação de rua”, comentou Larissa Davidovich ao iniciar o encontro. “Queremos dar um primeiro passo para quebrarmos as barreiras que nos impedem de sairmos de nossas bolhas de conforto e que nos deixam alheios ao sofrimento das pessoas em situação de rua”, disse.
O evento contou com convidados de diferentes crenças, que em suas falas abordaram o tema da defensoria e população em situação de rua sob o aspecto da fé. Estiveram presentes Fabiana Silva, Ouvidora-Geral da Defensoria Pública (Candomblé), Marcelo Leão, diácono e subdefensor público-geral (Catolicismo), Glória Habib Keldani, pianista e diretora do Centro Cultural Francisco Mignone (Budista), Leonardo Quintão, Presidente da Associação dos Servidores da Defensoria Pública (Protestante), José Carlos Lima dos Santos, Defensor Público (Umbanda), Fernando Celino, assessor de Comunicação da Sociedade Beneficente Muçulmana do Rio (Islamismo), e Silvia Blumberg, economista Criativa e empreendedora (Judaísmo).
A ouvidora-geral Fabiana Silva, deu um relato pessoal do tema, por ter estado em situação de rua durante um período em sua infância, dos 2 aos 4 anos. “Desde aquela época as ‘ausências’ se mantêm. A situação de rua, muitas vezes, é um escape, uma fuga de diversas violências que essas pessoas sofrem. E elas olham para a Defensoria como um espaço de violência”, disse.
Para o diácono e defensor público Marcelo Leão, a fé, independentemente do credo ou da religião, ensina que somos todos irmãos. “E então, se eu olho para uma pessoa em situação de rua e ele é meu irmão, eu não posso ser indiferente a isso. Essa é uma reflexão importante de como podemos contribuir para mudar essa realidade”, ponderou.
O defensor público José Carlos Lima dos Santos, a religião pode ser um motivador para o acolhimento. “Se a gente deixa de dar a mão para aquele que passa por uma situação como essa [de estar na rua] a gente ainda não entendeu porque estamos aqui”, refletiu.
“É muito importante refletirmos sobre este tema através das mais diversas perspectivas, mas que se somam. Precisamos enxergar as pessoas para além do momento em que ela está. Ela não é um morador de rua. Ela está em situação de rua. Faz toda a diferença”, disse a presidenta Juliana Lintz.
A defensora pública-geral chamou a atenção para que a Defensoria Pública fluminense participe ativamente dos esforços para auxílio do Rio Grande do Sul, lembrando da similaridade dos desabrigados com as pessoas em situação de rua. “Hoje, temos nos abrigos gaúchos, pessoas de todas as classes socias e de todos os credos e religiões”, lembrou.
O encontro leva o nome da defensora pública Enedir Santos, que idealizou e promoveu os encontros religiosos na ADPERJ até seu falecimento, em agosto de 2020.
O encontro foi gravado e pode ser assistido, clicando AQUI.