Uma entidade unida, incansável na luta por melhores condições de trabalho e de valorização dos Defensores Públicos e que vai encarnar o momento de mudança da categoria. Assim será a ADPERJ sob o comando do novo Conselho Diretor da Associação dos Defensores Públicos do Estado do Rio de Janeiro, empossado na noite da última sexta-feira, 17, em solenidade que lotou a sede da ADPERJ. Em seu discurso, a nova presidente, Maria Carmen de Sá, destacou a união de correntes de pensamento diferentes na Categoria, que se aliaram em busca do crescimento institucional e de melhorias para o trabalho do Defensor. – Os últimos anos foram marcados por um certo estado letárgico que acometeu nossa Instituição. Mas a verdade é que, nos últimos meses, esse sentimento de desalento foi paulatinamente se transformando em um sentimento de esperança: é possível mudar – disse Maria Carmen em seu discurso de posse. Compuseram a mesa da solenidade o deputado federal Alessandro Molon (PT); o presidente da Associação Paulista de Defensores Públicos, Rafael Português, representando também a Associação Nacional dos Defensores Públicos (ANADEP); o presidente da CAMARJ, Manoel de Brito Varela e o presidente da COODPERJ, Nilton Manoel Honório, além de Maria Leonor Fragoso Carreira, que passou o cargo de presidente da ADPERJ. Melhores condições de trabalho A nova presidente destacou que os defensores enfrentam graves problemas de falta de estrutura para o atendimento da população. Entre os casos citados estão o do processo eletrônico, que, na prática acabou com a prerrogativa de intimação pessoal do Defensor, sem que haja internet compatível para o envio das peças e o prédio da DP em São Gonçalo, que não tem um elevador que funcione, obrigando deficientes, idosos e gestantes a serem atendidos no térreo. – Muitos outros exemplos poderiam ser citados, mas o que a Classe não quer mais é viver uma mentira. O primeiro passo para solucionar um problema é reconhecer que ele existe e nós nos comprometemos publicamente a trazer ao conhecimento de todos os Associados os diversos problemas enfrentados, assim como nos comprometemos publicamente a nos empenhar em ajudar a resolvê-los. Não vivemos na melhor Defensoria da galáxia. Maria Carmen de Sá também destacou o trabalho da última gestão da ADPERJ, no esforço de conduzir a Classe a um novo patamar, com a recuperação da Frente Parlamentar de Apoio à Defensoria Pública. A nova presidente fez questão de destacar a coragem de Maria Leonor Fragoso Carreira, que buscou a efetivação de autonomia financeira da Defensoria Pública, com a impetração do Mandado de Segurança para que a Defensoria rode sua própria folha. – Nossa autonomia é fruto da luta de todos nós, tendo a Assembleia Legislativa sido nossa parceira em todos os nossos pleitos. Não podemos nos conformar com o fato de que até agora a nossa autonomia não tenha se efetivado plenamente, apesar de assegurada por lei – afirmou a nova presidente. Apoio institucional O deputado federal Alessandro Molon destacou o papel importante dos Defensores Públicos no acesso à Justiça. Autor da PEC 247, ele lembrou da conquista salarial da Categoria, com o apoio dos movimentos sociais, que foram às ruas apoiar a causa dos Defensores. – O Congresso Nacional tem enorme respeito pelos Defensores Públicos, que lutam por quem mais precisa de Justiça num país tão desigual. Defender e trabalhar por quem mais precisa é que faz a vida valer a pena. Não é esforço nenhum lutar pela causa dos Defensores no plano nacional, porque lutar pela Defensoria é algo fácil, leve e natural – disse Molon. O presidente da Associação Paulista de Defensores Públicos, Rafael Português, parabenizou a nova diretoria e destacou a importância do trabalho associativo para fortalecimento da Defensoria Pública no Rio. – Como a mais antiga Defensoria Pública do Brasil, e que desempenha a função de verdadeiro farol para as demais instituições em todo o país, os Defensores Públicos do Rio têm um papel de grande responsabilidade no cenário nacional. A ex-presidente da ADPERJ, Maria Leonor Fragoso Carreira, fez um balanço de sua gestão, destacando a atuação legislativa junto à ALERJ e o MS para a reafirmação da autonomia da Defensoria Pública e mencionou que apesar de ter recebido a ADPERJ com um caixa reduzido, deixava a Associação com uma situação financeira confortável para que a nova Diretoria possa desempenhar suas funções. – Fizemos a reforma da nossa sede, que voltou a ficar cheia. Eu posso falar em nome da minha diretoria que trazemos o sentimento de dever cumprido. Desejo sorte, sucesso e equilíbrio à nova presidente – afirmou Maria Leonor. Também estiveram presentes à cerimônia de posse o primeiro Procurador-geral da Defensoria Pública, Técio Lins e Silva, o ex-Defensor Público-Geral José Raimundo Batista Moreira, o ex-presidente da ADPERJ e da ANADEP, André Luis Machado de Castro, e os ex-presidentes da ADPERJ Sara Raquel Quimas e André de Felice. Outros dois presidentes da Associação que se fizeram presentes, Raul Portugal e Denis Praça, compõem a Diretoria recém-empossada. A Administração Superior não enviou representante para a solenidade. Leia abaixo a íntegra do discurso da nova presidente da ADPERJ. É com enorme honra e muita emoção que eu digo a vocês que a Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro levantou a cabeça! Por uma estranho somatório de fatores, que é até difícil de explicar, os últimos anos foram marcados por um certo estado letárgico que acometeu nossa Instituição. Um desânimo generalizado, um sentimento de que estamos fadados a nos sacrificar além da conta para desempenhar nossa função, de que nunca teremos o mesmo tratamento das demais carreiras jurídicas, e acima de tudo a paralisia pelo medo de sermos perseguidos em razão de pensamentos e ideias. Mas a verdade é que nos últimos meses, esse sentimento de desalento foi paulatinamente se transformando em um sentimento de esperança: é possível mudar! É com muito orgulho que afirmamos que essa eleição foi pontuada, pela primeira vez, por uma efetiva união de várias correntes de pensamento da Defensoria Pública, e foi muito bom poder reconhecer que ninguém tem o monopólio da verdade.