O segundo painel do Encontro Regional das Defensoras e Defensores Públicos das Regiões Sul e Sudeste teve como tema “debates criminais contemporâneos”, que contou com a participação da defensora pública do Estado do Rio de Janeiro Helena Morgado e do defensor público do Rio Grande do Sul Antônio Fregapane. A presidência da mesa contou com a defensora pública do Estado do Paraná, Maria Luiza Gomes.
Com o tema “Assistência qualificada à vítima”, a defensora pública do Estado do Rio de Janeiro, Helena Morgado trouxe um olhar crítico sobre a dogmática penal e uma análise sobre o tratamento das vítimas. Para ela, no processo penal a vítima é uma dupla “perdedora”. “No direito penal moderno há uma neutralização da vítima, que não tem voz. O seu conflito é confiscado pelo Estado. O que a gente tem é uma solução vertical imposta pelo Estado”, diz.
Helena Morgado apontou a importância de se diferenciar a figura do assistente de acusação e a figura da assistência qualificada à vítima. Para ela, a assistência à vítima é um papel que deve ser exercido pela Defensoria Pública que foi eleita pela Constituição Federal para fazer a tutela de defesa dos direitos humanos.
Ao exemplificar essa atuação, ela mostrou como o mecanismo funciona na defesa das mulheres vítimas de violência doméstica e familiar no âmbito da Lei Maria da Penha (11.340/2006). A legislação traz o dispositivo da assistência qualificada à vítima como principal escopo a orientação da mulher sobre seus direitos e sobre as consequências de suas decisões, evitando-se qualquer tipo de pressão indevida. Ou seja, o foco não é a opressão do agressor.
Ao fim de sua apresentação, a defensora pública defendeu o uso amplo do dispositivo pela Defensoria Pública. “Enquanto a gente não tiver algo melhor que o direito penal, que façamos do direito penal algo melhor. Que a Defensoria Pública consiga fazer a apropriação da assistência qualificada à vítima e que consiga fazer e que a gente não contribua para o exercício do poder punitivo”, frisou.