Foram 15 anos de Defensoria Pública. Em
junho, comemorou sua primeira década
como desembargador do Tribunal de Justiça
do Estado do Rio de Janeiro. E nesses
25 anos, Marco Aurélio Bezerra de Melo
segue associado da ADPERJ. “Enquanto
me deixarem ficar, eu fico!” – brincou o
magistrado em seu gabinete durante entrevista
concedida ao Jornal do Defensor.
De acordo com ele, parte da motivação
em se manter membro da entidade classista
é afetiva. “Os anos que passei na
Defensoria foram de muito amor e paixão
pelo trabalho, além disso, fiz grandes
amigos”. A outra justificativa é mais estratégica:
“acredito na ideologia da ADPERJ,
no seu estatuto, em tudo que ela defende. Confio que a advocacia popular tem que
ter esse apoio” – afirma.
Entre 1993 e 2008, tempo que esteve na
Defensoria, Marco Aurélio passou pela
falta de estrutura, de equipe técnica e
salário muito abaixo das outras carreiras
congêneres. Nesse período, não existia
Defensoria Pública da União e a Instituição
não tinha legitimidade para entrar
com ações coletivas. “Na minha época,
Defensor era um advogado para dividir
miséria. A gente ia para a audiência para
falar que ‘a panela fica com ele, o bule fica
com ela, o cachorro com ele’. Hoje, você vê
Defensor entrando com ação para determinar
que a Supervia feche as portas do
trem. É outro patamar” – conta.
Como desembargador, Marco Aurélio,
que no início do ano lançou com o procurador
de Justiça J. M. Leoni Lopes de
Oliveira a coleção “Direito Civil”, se utiliza
dos anos de contato direto com os mais vulneráveis em suas decisões. “Eu sei das
dificuldades que a pessoa pobre tem de
produzir prova, de ter acesso à perícia.
Eu vim pra cá para tentar, de alguma forma,
sensibilizar o Judiciário” – finaliza.