Com o objetivo de promover reflexões acerca da igualdade de gênero e das questões relacionadas aos direitos das mulheres na sociedade e, especialmente, no âmbito da Instituição, a ANADEP, a Comissão Especial dos Direitos da Mulher e a Escola Nacional de Defensores Públicos (ENADEP), abriu, nesta quinta-feira (15), o seminário “A Mulher na Defensoria Pública”.
Na abertura do seminário, a vice-presidente da ANADEP, Thaísa Oliveira, quebrou o protocolo e, em nome dos organizadores do evento, fez uma homenagem à Marielle Franco, que foi morta a tiros na noite desta quarta-feira (14), no centro do Rio de Janeiro.
Em seguida, a diretora da ENADEP, Fernanda Mambrini, pontuou que o objetivo do seminário é focar não apenas na realidade das defensoras e servidoras, mas também na mulher usuária dos serviços da Defensoria Pública, para que seja aprimorado o trabalho desenvolvido na defesa de mulheres. Segundo ela, é necessário lutar não apenas pelo reconhecimento de direitos ainda ignorados, mas até mesmo pela manutenção das conquistas que se acreditavam já consolidadas. “Nós, mulheres, lidamos com inúmeros desafios que não são sequer cogitados por quem não se identifica com esse gênero. A violência da qual se fala quando se busca a igualdade não é só a física, mas aquela que se materializa diariamente com cada uma das mulheres, em grau maior ou menor, mesmo com relação àquelas que se consideram favorecidas/privilegiadas no contexto do patriarcado reinante”, destacou.
1º Diagnóstico de Gênero da DPRJ
No seminário também foi apresentado o 1º Diagnóstico de Gênero da DPRJ, lançado na semana passada na ADPERJ. O estudo foi apresentado pela pesquisadora da DPRJ, Carolina Haber e a Presidente da Associação Juliana Bastos Lintz. De acordo com os dados, 56% das defensoras públicas ouvidas já vivenciaram alguma reação negativa por parte das pessoas que buscam os serviços da instituição pelo fato de serem mulheres. Já 46% delas sentiram o mesmo por parte de outros profissionais do sistema de Justiça.
Para 59% das defensoras participantes da pesquisa suas opiniões ou ponto de vista já foram minimizados em reuniões de trabalho. E ainda: Quase metade delas (48%) afirmou ter sido vítima de comentários inapropriados e ofensivos durante o expediente. No caso das servidoras essa percentagem é de 42%.
Ainda de acordo com a pesquisa, a grande maioria das defensoras públicas (79,5%), e a maior parte das servidoras (66%), acha que a sua vida pessoal é mais afetada pelo exercício da profissão do que a de seus colegas homens. No âmbito doméstico, as participantes afirmaram dividir as tarefas domésticas com outros membros da família, mas a responsabilidade, 75% do trabalho, ainda pesa sobre elas.